“Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um
poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do
abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar…Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do
espaço,
nem necessita de vida.
Andar… – enquanto
consente
Deus que seja a noite
andada.
Porque o poeta,
indiferente,
anda por andar – somente.
Não necessita de nada.”
(Cecília Meireles)
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