Ouvir Estrelas
Olavo Bilac
Ora (direis),
ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
que, para ouvi-las,
muitas vezes desperto
e abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? ”
E eu vos direi:
“Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
que, para ouvi-las,
muitas vezes desperto
e abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? ”
E eu vos direi:
“Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas.”
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